Você sabe como é feito um tatami?
Sex maio 18, 2018 12:58 pm
Normalmente em português escrevemos tatame, mas a pronúncia correta é tatami. Este termo deriva do verbo tatamu, que significa dobrar ou empilhar, muito provavelmente porque no início, os tatames eram um piso que caso não estivesse em uso poderia ser dobrado ou empilhado.
Originalmente os tatames eram um item de luxo exclusivo da nobreza. Com o passar do tempo, gradualmente tornou-se acessível e comum em todas as casas no período Muromachi, principalmente também pela popularização da Cerimônia do Chá.
Um tatame tradicional é feito de basicamente três componentes: o material da superfície denominado tatami-omote; o núcleo denominado tatami-doko e uma borda de acabamento denominada, tatami-beri. A esteira da superfície é tecida com folhas de uma espécie de junco chamada igusa, uma planta usada na confecção de textêis no japão há pelo menos dois mil anos.
Uma linda plantação de Igusa.
O núcleo é feito comumente de palha de arroz compactada, pois esta oferece um perfeito grau de firmeza e também é muito durável.
Por último, a borda, feita de seda, linho ou algodão, além de dar o toque de requinte à peça, serve para prender o núcleo à superfície de esteira.
https://ojudoca.files.wordpress.com/2016/02/tatami-beri.jpg?resize=600%2C389
Agora que você sabe do quê os tatames são feitos, veja um vídeo bem legal de como eles são feitos:
Existem regras de etiqueta para o uso de tatames. Desde a forma como são dispostos na sala até a forma de andar sobre eles. Por exemplo, não é educado pisar calçado sobre eles. Andar pisando nas bordas entre um e outro também pode soar grosseiro.
Na época em que Jigoro Kano treinava, os tatames eram exatamente assim. Hoje em dia, um tatame desses custa uma pequena fortuna por aqui, tornando absurdamente custoso manter um dojô de um tamanho razoável. Além da difícil manutenção, tem também o fato de que a palha da esteira dava algumas queimaduras se friccionada contra a pele. Ralar a cara na palha lutando não devia ser um negócio legal…
Aqui no Brasil, quem é das antigas no judô, deve se lembrar de tatames confeccionados também com núcleo de palha de arroz, mas recobertos com tecido, no lugar da esteira de igusa. Competi algumas vezes quando a FPJ ainda tinha alguns tatames desses… Nossa, cara, era triste cair neles! Parecia concreto! Faz muito tempo que não vejo mais desses, mas segundo os mais experientes, os tatames oficiais eram assim por aqui desde a década de 60.
Os tatames oficiais de hoje são um compensado de espuma, recobertos com uma lona que imita a textura da igusa do tatame tradicional. Algo parecido com isto, numa visão recortada:
Já nos dojôs locais, era comum até não muito tempo atrás, o tatame todo ser uma grande área cujo núcleo era feito com raspas de pneu e coberto com uma lona. Aprendi judô num tatame desses. Era gostoso de cair, mas em alguns lugares as raspas de pneu ficavam mais socadas, e aí também ficava complicado. Ainda existem muitos dojôs de raspa de pneu com certeza, mas a grande sacada agora é o tal do E.V.A.
O Etil Vinil Acetato é uma resina termoplástica derivada do petróleo. O baixo custo de produção desta borracha a torna muito útil para diversas aplicações, inclusive para a fabricação de tatames. Os tatames de E.V.A. recomendados para prática de judô têm no mínimo 30mm de espessura para melhor absorção de impacto e costumam já ter os encaixes tipo “quebra-cabeças” pra facilitar a montagem. Embora este material seja relativamente barato e prático, infelizmente não possui uma vida útil muito longa se não for muito bem cuidado. Se for montado e desmontado todo treino, com certeza não vai durar muito. Eu particularmente acho que os tatames de E.V.A. (pelo menos todos que treinei até hoje) não possuem uma rigidez adequada pra que as quedas do judô sejam executadas da melhor forma. Eles têm muito rebote, isso é, você “quica” muito quando cai. Outra coisa que me incomoda, é que eles também não oferecem um deslize fluido para o tsuri ashi, o passo arrastado do judoca. Se você pratica katás num tatame desses deve saber do que estou falando.
Apesar de tudo, se tem uma coisa que posso falar com toda convicção sobre qualquer tipo de tatame é que, sem eles, praticar judô seria no mínimo, muito mais doloroso!
E você, qual sua experiência com tatames? Chegou a treinar naqueles de palha também? Gosta mais dos oficiais ou acha melhor estes de E.V.A.? Deixe seu comentário!
Fonte: O Judoca
Originalmente os tatames eram um item de luxo exclusivo da nobreza. Com o passar do tempo, gradualmente tornou-se acessível e comum em todas as casas no período Muromachi, principalmente também pela popularização da Cerimônia do Chá.
Um tatame tradicional é feito de basicamente três componentes: o material da superfície denominado tatami-omote; o núcleo denominado tatami-doko e uma borda de acabamento denominada, tatami-beri. A esteira da superfície é tecida com folhas de uma espécie de junco chamada igusa, uma planta usada na confecção de textêis no japão há pelo menos dois mil anos.
Uma linda plantação de Igusa.
O núcleo é feito comumente de palha de arroz compactada, pois esta oferece um perfeito grau de firmeza e também é muito durável.
Por último, a borda, feita de seda, linho ou algodão, além de dar o toque de requinte à peça, serve para prender o núcleo à superfície de esteira.
https://ojudoca.files.wordpress.com/2016/02/tatami-beri.jpg?resize=600%2C389
Agora que você sabe do quê os tatames são feitos, veja um vídeo bem legal de como eles são feitos:
Existem regras de etiqueta para o uso de tatames. Desde a forma como são dispostos na sala até a forma de andar sobre eles. Por exemplo, não é educado pisar calçado sobre eles. Andar pisando nas bordas entre um e outro também pode soar grosseiro.
Na época em que Jigoro Kano treinava, os tatames eram exatamente assim. Hoje em dia, um tatame desses custa uma pequena fortuna por aqui, tornando absurdamente custoso manter um dojô de um tamanho razoável. Além da difícil manutenção, tem também o fato de que a palha da esteira dava algumas queimaduras se friccionada contra a pele. Ralar a cara na palha lutando não devia ser um negócio legal…
Aqui no Brasil, quem é das antigas no judô, deve se lembrar de tatames confeccionados também com núcleo de palha de arroz, mas recobertos com tecido, no lugar da esteira de igusa. Competi algumas vezes quando a FPJ ainda tinha alguns tatames desses… Nossa, cara, era triste cair neles! Parecia concreto! Faz muito tempo que não vejo mais desses, mas segundo os mais experientes, os tatames oficiais eram assim por aqui desde a década de 60.
Os tatames oficiais de hoje são um compensado de espuma, recobertos com uma lona que imita a textura da igusa do tatame tradicional. Algo parecido com isto, numa visão recortada:
Já nos dojôs locais, era comum até não muito tempo atrás, o tatame todo ser uma grande área cujo núcleo era feito com raspas de pneu e coberto com uma lona. Aprendi judô num tatame desses. Era gostoso de cair, mas em alguns lugares as raspas de pneu ficavam mais socadas, e aí também ficava complicado. Ainda existem muitos dojôs de raspa de pneu com certeza, mas a grande sacada agora é o tal do E.V.A.
O Etil Vinil Acetato é uma resina termoplástica derivada do petróleo. O baixo custo de produção desta borracha a torna muito útil para diversas aplicações, inclusive para a fabricação de tatames. Os tatames de E.V.A. recomendados para prática de judô têm no mínimo 30mm de espessura para melhor absorção de impacto e costumam já ter os encaixes tipo “quebra-cabeças” pra facilitar a montagem. Embora este material seja relativamente barato e prático, infelizmente não possui uma vida útil muito longa se não for muito bem cuidado. Se for montado e desmontado todo treino, com certeza não vai durar muito. Eu particularmente acho que os tatames de E.V.A. (pelo menos todos que treinei até hoje) não possuem uma rigidez adequada pra que as quedas do judô sejam executadas da melhor forma. Eles têm muito rebote, isso é, você “quica” muito quando cai. Outra coisa que me incomoda, é que eles também não oferecem um deslize fluido para o tsuri ashi, o passo arrastado do judoca. Se você pratica katás num tatame desses deve saber do que estou falando.
Apesar de tudo, se tem uma coisa que posso falar com toda convicção sobre qualquer tipo de tatame é que, sem eles, praticar judô seria no mínimo, muito mais doloroso!
E você, qual sua experiência com tatames? Chegou a treinar naqueles de palha também? Gosta mais dos oficiais ou acha melhor estes de E.V.A.? Deixe seu comentário!
Fonte: O Judoca
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos